sábado, 27 de fevereiro de 2016

SINALIZAÇÕES AO LONGO DO CAMINHO


“Entendendo as bases do islamismo radical moderno”
Por Marcos Amado

Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos, enquanto os eruditos, periodistas e políticos tentavam explicar as novas ameaças que afligiam o mundo, dois nomes apareciam de maneira persistente nos noticiários. Obviamente o primeiro é o de Osama bin Laden, o homem que inspirou os ataques. Foi ele quem ocupou as principais manchetes durante muitos anos quando o tema era o Islã. Porém, outra pessoa cujo nome não atraía tanta atenção quanto o de bin Laden, mas que era citado com frequência, começou a surgir como um dos responsáveis por prover as bases teóricas para o islã militante moderno: Sayyid Qutb.
Qutb nasceu no Egito em 1906 e foi condenado e executado em 1966 sob o regime do Presidente Nasser. Durante seus primeiros anos como escritor, Qutb dedicou-se à crítica literária. Em 1949 ele se envolveu com as atividades da Irmandade Muçulmana e publicou seu primeiro livro religioso e sociológico, Social Justice in Islam[1] (A Justiça Social no Islã). Não obstante, seus trabalhos mais conhecidos são In the Shade of the Qur’an[2] (À Sombra do Alcorão) — um impressionante comentário de trinta volumes sobre o Alcorão — e Milestones[3] (Sinalizações), que é uma defesa apaixonada do islã radical, incluindo uma profunda apologia à jihad.
Enquanto era submetido a um longo período de prisão e tortura por parte das autoridades do regime de Nasser no Egito, Qutb chegou à conclusão de que seus torturadores tinham se esquecido de Deus e, no seu lugar, serviam a Nasser. Na sua opinião, isso somente poderia significar que eles não eram verdadeiros muçulmanos, já que as injustiças que tanto ele como outros em situações similares estavam atravessando não deveriam ocorrer em um sistema político verdadeiramente islâmico[4]. Foi nesse contexto que Qutb publicou Milestones em 1964.
Apesar de muitas das ideias expressadas no livro não serem originalmente suas[5], ele foi o primeiro a apresentar os fundamentos teóricos que estabeleceram claramente as justificativas para o radicalismo muçulmano moderno, que careciam de um “manual” prático com bases corânicas para suas ações.
Devido à grande influência que este livro teve na vida de milhões de muçulmanos ao redor do mundo nas últimas décadas, apresento a seguir um resumo das ideias centrais expressas por Qutb no livro Milestones. Ainda que, como cristãos, não podemos aceitar as afirmações e conclusões de Qutb, o objetivo deste artigo não é o de fazer uma análise crítica do conteúdo do livro, mas sim o de ajudar cristãos brasileiros a entenderem um pouco melhor o que está por trás do radicalismo islâmico.
Milestones – O que Qutb está dizendo?
Apesar de suas poucas páginas (150), o livro Milestones não deixa dúvidas de que Qutb acredita que o islã é a solução para os males que afligem o mundo. Para ele, “a humanidade… está à beira de um precipício”[6] e “sob o risco da aniquilação completa”.[7] O Ocidente não tem a resposta para a situação porque não possui os “valores saudáveis”[8] necessários para dar direção à humanidade. Assim, ele coloca sobre seus próprios ombros a tarefa de mostrar as “placas de sinalização ao longo do caminho”[9] na direção do estabelecimento de uma nova liderança baseada em princípios e valores islâmicos, levando à implementação da lei da Shari` ah por todo o mundo.
É interessante notar que, logo de início, Qutb afirma que não é necessário deixar de lado “os frutos materiais do gênio criativo da Europa”[10] para que se estabeleça o sistema islâmico. “O islã não se opõe ao progresso material”, diz Qutb. “Pelo contrário, ele considera a prosperidade material e a criatividade como uma obrigação dada ao homem desde o início do tempo…”.[11] Portanto, os muçulmanos são responsáveis por fazer o que o Ocidente não foi (e não será) capaz de fazer, ou seja, combinar, de maneira equilibrada, a prosperidade material e a implementação de valores morais que, diferentemente do socialismo e do capitalismo, elevarão a dignidade de homens e mulheres e dará a eles e dará a eles a oportunidade de servir Alá de todo o coração. Essa é uma tarefa divinamente determinada[12] que só acontecerá quando o islã assumir “a forma concreta de… uma nação”[13] e iniciar o movimento rumo à obtenção da liderança mundial.[14]
Qutb tem consciência de que essa não será uma tarefa fácil. O primeiro problema se divide em duas partes: o mundo fora do assim chamado Mundo Muçulmano está em ignorância (jahiliyyah) e a comunidade muçulmana em si está “enterrada debaixo dos destroços das tradições feitas por homens… e esmagada debaixo do peso daquelas leis e costumes falsos que não possuem nem sequer remota relação com os ensinamentos islâmicos”.[15] Até mesmo o pensamento, as fontes e a filosofia islâmicos estão hoje afetados pelo jahiliyyah da mesma maneira que as pessoas estavam antes do tempo de Maomé.[16] Portanto, a comunidade muçulmana de hoje não atende às exigências para ser chamada de muçulmana. Por conseguinte, para que uma comunidade verdadeiramente muçulmana seja estabelecida e promova o início da liderança mundial, “uma vanguarda deve se iniciar com… determinação e, então, continuar prosseguindo, marchando através do vasto oceano da jahiliyyah que abrange o mundo inteiro”.[17]
O primeiro passo, portanto, é preparar essa vanguarda ao se olhar para os Companheiros do Profeta como o exemplo a ser seguido. Na compreensão de Qutb, esse grupo, composto pelos primeiros seguidores de Maomé, foi uma “geração sem qualquer paralelo”[18] na história do islã e da humanidade, e há duas razões principais para isso, como veremos a seguir. Em seus estágios iniciais de treinamento, o Alcorão era sua única fonte de informação, apesar das muitas outras fontes das quais eles poderiam ter bebido.[19] Contudo, os Companheiros tiveram de moldar sua vida unicamente com base no Alcorão, “que era livre da influência de todas as outras fontes”.[20] Através dessa estratégia, Maomé queria preparar uma geração pura de coração, mente e compreensão.[21]Infelizmente, gerações posteriores de muçulmanos misturaram outras fontes (como a filosofia grega, as lendas persas e a teologia cristã) com a original, o Alcorão. Consequentemente, depois dos Companheiros, não houve geração de muçulmanos que pudesse se comparar a eles.[22] Sua disposição de agir de acordo com aquilo que o Alcorão ensinava era tamanha que “o Alcorão se tornou uma parte de suas responsabilidades, mesclando-se com a vida e o caráter deles”, o que levou a “um movimento dinâmico que mudou condições e eventos, bem como o curso da vida”.[23]
Outra importante característica da primeira geração de muçulmanos que deve ser imitada pela nova vanguarda é que eles se isolavam da jahiliyyah tão logo abraçavam o islã. Naturalmente, eles ainda tinham contato superficial, como que comercial, com os não-muçulmanos, mas renunciavam costumes, tradições, ideias e conceitos jahili e eram adotados pela comunidade islâmica.[24] Isso acontecia porque não poderia haver comprometimento com a sociedade não-muçulmana. Do mesmo modo, os muçulmanos de hoje jamais devem mudar seus “próprios valores e conceitos, em nenhum aspecto que seja, com o objetivo de fazer alguma barganha com esta sociedade jahili”,[25] diz Qutb. Para realizar isso, o Alcorão deve ser a única fonte durante os primeiros estágios de treinamento, e a sociedade jahili deve ser rejeitada.
Depois de entender a importância da forma de treinamento e o exemplo de vida dos Companheiros, o próximo aspecto que deve ser levado em consideração por aqueles que vão participar do reavivamento do islã é “a natureza do método corânico”.[26] Durante os primeiros 13 anos do ministério de Maomé, o objetivo não era mudar a sociedade por meio do estabelecimento de uma nova liderança política ou pelo início de um movimento social reformista. Se tivesse desejado fazer isso, ele certamente teria encontrado apoio entre as pessoas para estabelecer uma sociedade mais justa. Em vez disso, ele passou aqueles anos pregando a crença islâmica mais fundamental, aquela que dá sentido a todas as outras coisas, ou seja, “não há deus senão Alá”. Essa era uma afirmação revolucionária. Os líderes daqueles dias sabiam que essa declaração significava que Alá era soberano, e a submissão deveria acontecer apenas a ele. Se as pessoas entendessem essa verdade, os líderes perderiam seu poder. Por conta disso, Maomé sofreu “torturas por treze anos devido à oposição das pessoas que ocupavam posições de autoridade na terra…”[27] mas, junto com os primeiros Companheiros, ele conseguiu deixar claro que a umma deveria ser estabelecida sobre a fé em Alá e tomando por base a aceitação de sua soberania.
Assim que a sociedade aceita que não há deus senão Alá, os resultados são profundos. O domínio e a opressão do homem sobre o homem (que são as principais características da jahiliyyah) deixam de existir e Alá se torna o único Senhor sobre tudo; as leis feitas pelos homens são abolidas e a lei de Deus permeia todos os aspectos da vida.[28] Isso é o que deveria ser proclamado (para o mundo inteiro e para aqueles que se dizem muçulmanos) por aqueles que propagam o islã.[29]
Contudo, a jahiliyyah, que não é uma teoria, mas um movimento real, sempre luta contra toda oposição que vem em sua direção. Dessa forma, se o islã pretende derrotar o sistema existente, ele não pode ser apenas uma teoria ou um credo. Ele precisa ser um movimento organizado, seguindo o exemplo daquilo que aconteceu nos primeiros dias do islã depois dos primeiros treze anos do período de Meca, sob a liderança de Maomé.[30] Essa é a única forma pela qual o objetivo final do islã será alcançado, ou seja, o despertamento da “humanidade do homem”[31] e o desenvolvimento de uma sociedade dominante com os mesmos níveis de realizações sociais, morais e cientificas da ummaislâmico primitivo.
Nesse processo de estabelecimento de uma sociedade verdadeiramente muçulmana, a jihad assume uma importância imensa. Durante o período de Meca, Maomé exerceu sua função de profeta por meio da pregação. Mais tarde, porém, quando o profeta já estava em Medina, Alá deu-lhe permissão de lutar contra aqueles que se opunham ao islã, incluindo o Povo do Livro e os politeístas.[32] Dessa forma, quando precisa combater ideias e crenças, o movimento islâmico usa “pregação e persuasão”.[33] Contudo, ele de fato recorre à jihad “para abolir as organizações e autoridades do sistema jahilique impedem as pessoas de reformar suas ideias e crenças, que as força a seguir caminhos fora dos padrões e que as faz servir a outros humanos em vez de a seu Senhor Todo-poderoso”.[34]
jihad, portanto, não é usada para impor a crença islâmica sobre as pessoas. Afinal de contas, o Alcorão afirma claramente que não há imposição na religião[35], o que exclui a possibilidade de que a fé islâmica pudesse ser imposta pela força. Em vez disso, o objetivo da jihad é “erradicar os obstáculos que impedem que o projeto islâmico seja claramente expresso e, assim, forneça um ambiente livre no qual [pessoas] venham a ter a opção de escolha”[36] e aceitem plenamente a soberania de Alá. Para que isso aconteça, “toda majestade humana” deve ser eliminada.[37] Considerando que “‘obedecer’ é ‘adorar’”[38], cristãos e judeus também são culpados de adorar outros que não Alá porque eles obedecem a seus sacerdotes e rabis.
Tão logo o estado islâmico seja estabelecido, as pessoas desfrutarão de liberdade real. Elas serão liberadas da opressão dos líderes humanos e serão capazes de decidir se seguirão ou não o islã. De acordo com Qutb, dentro de um sistema islâmico, uma pessoa tem liberdade de escolher qualquer crença que desejar, tendo em mente que está “sob a proteção” do sistema islâmico,[39] que é um sistema que engloba todos os aspectos da vida. Dessa forma, o governo de Alá sobre a terra será estabelecido.[40]
Nessa nova sociedade, a obediência à Shari` ah (que se baseia no Alcorão e na Sunnah) será necessária, pois essa é a única maneira pela qual os humanos podem efetivamente ter paz e harmonia consigo mesmos, com os outros e com o universo, que também é governado pelas leis estabelecidas por Deus.[41] Portanto, a Shari` ah não está preocupada apenas com o mundo futuro. Na compreensão de Qutb, este mundo e o vindouro são complementares um ao outro, e aqueles que seguem as leis estabelecidas por Alá podem, pelo menos parcialmente, experimentar os resultados aqui na terra.[42]
Pelo fato de funcionar de acordo com as leis de Deus, a sociedade islâmica é a única sociedade que é verdadeiramente civilizada; ela afeta “atitudes, modo de vida, valores, critérios, hábitos e tradições…”.[43] Isso significa que onde a lei da Shari` ah é fielmente observada, os aspectos mais importantes da sociedade serão “liberdade e honra, família e suas obrigações e valores morais”[44] e não o conforto material, como no caso das sociedades jahili onde, por causa da necessidade de produção, a função principal das mulheres deixa de ser o cuidado para com a família e a educação dos filhos. “Se a família é a base da sociedade, com a divisão de trabalho entre marido e esposa”, diz Qutb, “então tal sociedade é de fato civilizada”.[45] O homem, como o vice-regente de Deus na terra, se esforçará para extrair o máximo do recursos materiais e naturais dados a ele por Deus. “O islã não rejeita o progresso material nem as invenções materiais”[46], afirma Qutb mais uma vez. Contudo, isso não deve acontecer à custa de se esquecer das leis de Alá, as quais dignificam o ser humano.[47]
Desse modo, a Lei da Shari` ah não está preocupada com aspectos legais, como é erradamente presumido por muitos. Ela engloba todos os aspectos da vida, incluindo
Crenças e conceitos islâmicos e suas implicações no que se refere aos atributos de Alá, a natureza do universo, o que é visto e o que não é visto nele, a natureza da vida, o que é aparente e o que está oculto nele, a natureza do homem, e os inter-relacionamentos entre tudo isso. Do mesmo modo, inclui tópicos políticos, sociais e econômicos e seus princípios… Também toca todos os aspectos do conhecimento e princípios de arte e ciência. Em tudo isso, a orientação de Alá é necessária, assim como é necessária na esfera relativamente estreita dos assuntos legais.[48]
Entre outras coisas, isso significa que os muçulmanos devem ser cuidadosos ao buscar adquirir conhecimento. Sempre que for possível, o aprendizado deve acontecer debaixo da orientação de muçulmanos respeitados. Quando isso não for possível, é aceitável que muçulmanos estudem certas disciplinas com não-muçulmanos,[49] mas nunca em questões de fé. Os muçulmanos não devem aprender de judeus nem de cristãos porque, de acordo com o Alcorão,[50] eles tentarão desviar os muçulmanos do caminho correto de Alá.[51]
Aqueles que tomam parte nessa nova vanguarda devem saber que, para muçulmanos, a lealdade não é a uma nação específica nem aos relacionamentos familiares,[52] mas a Alá e ao dar al-Islam, que está em todo lugar no mundo onde um estado islâmico foi estabelecido, governado pela Lei da Shari` ah. O restante do mundo é o dar al-harb, e os muçulmanos têm apenas duas opções no que se refere à maneira de se relacionar com eles: “Paz com um acordo contratual ou a guerra”.[53]
A pátria do muçulmano, na qual ele vive e a qual defende, não é um pedaço de terra. A nacionalidade do muçulmano, pela qual ele é identificado, não é a nacionalidade determinada por um governo. A família do muçulmano, na qual ele encontra consolo e a qual defende, não é a dos relacionamentos sanguíneos. A bandeira do muçulmano, que ele honra e debaixo da qual ele é martirizado, não é a bandeira de um país. E a vitória do muçulmano, que ele celebra e pela qual ele é grato a Alá, não é uma vitória militar. É o que Alá descreveu: “Quando a ajuda e a vitória de Alá chegam, e você vê pessoas entrando na religião de Alá às multidões, então celebre os louvores do seu Deus e peça o perdão dele. De verdade. Ele é o Aceitador de Arrependimento”.[54],[55]
Dessa forma, ao apresentar o islã, não deve haver comprometimento, sua mensagem não deve ser adaptada de acordo com as expectativas da pessoa e ele deve ser expresso “com ousadia, clareza, força e sem hesitação ou dúvida”.[56] Aqueles que pregam o islã não o fazem porque esperam uma recompensa dos jahili, mas porque “os amam,… desejam seu bem, embora possam torturar”[57] os mensageiros do islã. Quando falam com cristãos, por exemplo, os muçulmanos devem dizer claramente que os “conceitos da Trindade, do Pecado Original, de Sacrifício e Redenção… não são adequados nem à razão nem à consciência”[58] e que sua sociedade é injusta e imoral.
O abismo entre o islã e a jahiliyyah é grande, e a ponte não deve ser construída por cima dele para que as pessoas dos dois lados possam se misturar umas com as outras, mas apenas para que as pessoas dajahiliyyah possam vir para o islã… sair das trevas para a luz, livrar-se de sua condição miserável e desfrutar das bênçãos de que já provamos…[59]
Os muçulmanos nunca devem desanimar, porque o Alcorão[60] os exorta a serem triunfantes sejam quais forem as circunstâncias. Eles devem se sentir superiores aos outros, uma superioridade baseada na fé pura do islã, que não é transitória.[61]
As condições mudam. O muçulmano perde seu poder físico e é vencido. Contudo, a consciência não se afasta daquele que é superior… ele olha para seu conquistador a partir de uma posição superior… [ele sabe que] essa é uma condição temporária… que a fé mudará a maré… Até mesmo a morte é sua porção, ele nunca curvará sua cabeça…[62]
Certamente a perseguição virá. Ela já tem acontecido[63] e continuará a acontecer. Os muçulmanos serão perseguidos por causa de sua fé. Quando isso aconteceu no passado, “a fé no coração dos que criam ergueu-se acima de toda a perseguição. A crença triunfou sobre a vida. A ameaça de tortura não os abalou, eles nunca desistiram, e morreram queimados”.[64] Do mesmo modo, os muçulmanos de hoje devem ter a mesma atitude, pois eles receberão a maior recompensa de todas, “o prazer de Alá”.[65]
A violência atual
Quando vemos esse resumo da teologia jihadista de Qutb, fica mais fácil entender as bases racionais e religiosas utilizadas pelos muçulmanos radicais modernos para justificar as barbáries que estão cometendo em diferentes partes do mundo. A grande maioria dos muçulmanos não aceita essas ideias, mas, infelizmente, a minoria que as aceita, está trazendo grande dor e sofrimento a milhares de pessoas. Resta-nos, como cristãos, protestar veementemente junto aos órgãos competentes e através da mídia contra essas atrocidades, ao mesmo tempo que fazemos o nosso melhor para, de alguma maneira, testemunhar sobre o amor de Cristo para os mais de 1,5 bilhão de muçulmanos disseminados ao redor do mundo.
Notas
[1]Sayyid Qutb. Social Justice in Islam, trad. John B. Hardie. Oneonta, NY: Islamic Publications Intl., 2000.
[2]Sayyid Qutb. In the Shade of the Qur’an, trad. M. A. Salahi. London: MWH, 1979.
[3]Sayyid Qutb. Milestones. Indianapolis: American Trust Publications, 1993.
[4]Gilles Kepel. The Roots of Radical Islam. London: Saqi, p. 26.
[5]Veja Ahmed Bouzid, “Man, Society, and Knowledge in the Islamist Discourse of Sayyid Qutb”. Blacksburg, Virginia: Virginia Polytechnic Institute and State University, 1998, p. 39-40, onde é apresentado um resumo das ideias expressas em Milestones que, apesar de terem sido usadas por Qutb, são originárias de outros eruditos muçulmanos.
[6] Qutb, Milestones, p. 5.
[7] Ibid.
[8] Ibid.
[9] Esta é outra possível tradução do título árabe Ma’aalim fii al-tariiq.
[10] Qutb, Milestones, p. 6.
[11] Ibid.
[12] Com base no Alcorão 3:110 e 2:143.
[13] Qutb, Milestones, p. 7.
[14] Ibid., p. 9
[15] Ibid., p. 7
[16] Ibid., p. 15.
[17] Ibid., p. 9.
[18] Ibid., p. 11.
[19] Naqueles dias, a influência das culturas grega e romana ainda era sentida no mundo, além de também existirem as culturas persa, hindu e chinesa.
[20] Qutb, Milestones, p. 13.
[21] Ibid.
[22] Ibid.
[23] Ibid., p. 14.
[24] Ibid., p. 15.
[25] Ibid., p. 16.
[26] Ibid., p. 19.
[27] Ibid., p. 21.
[28] Ibid., p. 37-38
[29] Ibid., p. 29.
[30] Ibid., p. 39.
[31] Ibid., p. 40.
[32] Ibid., p. 44.
[33] Ibid., p. 45.
[34] Ibid.
[35] Alcorão 2:256.
[36] Qutb, Milestones, p. 46.
[37] Ibid., p. 47.
[38] Ibid., p. 49.
[39] Ibid., p. 50.
[40] Ibid., p. 61.
[41] Ibid., p. 75
[42] Ibid., p. 77.
[43] Ibid., p. 81.
[44] Ibid., p. 82.
[45] Ibid., p. 83.
[46] Ibid., p. 86.
[47] Ibid., p. 85.
[48] Ibid., p. 91-92.
[49] Veja Qutb, Milestones, p. 93-94, onde ele apresenta uma lista de diferentes disciplinas, especificando quais delas os muçulmanos podem aprender com especialistas jahili.
[50] 2:109; 2:120; 3:100.
[51] Qutb, Milestones, p. 96-97.
[52] Veja Alcorão 58:22.
[53] Qutb, Milestones, p. 102.
[54] Alcorão 110:1-3.
[55] Qutb, Milestones, p. 108.
[56] Ibid., p. 117.
[57] Ibid., p. 118.
[58] Ibid., p. 119.
[59] Ibid., p. 120.
[60] 3:139.
[61] Qutb, Milestones, p. 122.
[62] Ibid., p. 124-25.
[63] 85:1-16.
[64] Qutb, Milestones, p. 130.
[65] Ibid., p. 135.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Confissão de fé missionária


Sâmia Laila
http://www.teologiabrasileira.com.br/
Havendo Deus outrora falado muitas vezes, de muitas maneiras, aos nossos pais, pelos profetas, hoje nos fala pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de tudo, por quem fez também o mundo. O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem de sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação de nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas; feito tanto mais excelente do que anjos, disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei. Eu lhe serei por Pai, E Ele me será por Filho. (Hb 1. 1-5)

Ora, sendo Jesus Cristo o único Senhor e Rei soberano, e começando a Missão em Deus e convergindo para ele mesmo, então, somos parte dos seus propósitos eternos para levar sua salvação aos homens que de antemão ele escolheu para herdarem a vida eterna. A atitude correta na obra missionária, em conformidade com as verdades reveladas na Palavra de Deus, deve ser:

1. Humildade diante daquele que nos chamou, sabendo que ele é o autor da salvação. Assim, não está em nossas mãos o destino final de cada vida, mas é tarefa do Espírito Santo convencê-los do pecado, da justiça e do juízo. Somos apenas parceiros de Deus na Missão que é dele;

2. A centralidade da Missão envolve comunhão perfeita e permanente com Deus. Viver a prática do Evangelho requer também compreendê-lo e buscá-lo de forma racional, ainda que não desprovida de emoções inerentes à vida de quem é adorador e está em união com o seu Senhor;

3. A obra missionária deve ser feita de joelhos e na total dependência do Espírito Santo. Excluir a direção e controle do Espírito Santo do ministério é cair em ativismo e egocentrismo, mesmo em função da própria obra. Essa seria, portanto, uma atitude de idolatria;

4. Devemos ter uma vida de retidão moral e ética cristã, revelando ao mundo, de forma visível, a presença de Deus entre os homens; 

5. Jesus é a Boa Nova e a única verdade. De forma alguma devemos fazer qualquer tipo de união sincrética ou reducionista da Palavra de Deus. Jamais esvaziar Jesus do seu conteúdo, ou negar que ele existiu dentro do tempo (Kairós) e na história geral;

6. Seguir os passos do mestre: A Missão deve ser feita sob a cruz, sabedores que fazer a vontade de Deus implica diretamente em lutas, perseguições e, quem sabe, perigos, dores e até morte pelo nome de Cristo Jesus;

7. Temos que ter o compromisso de denunciar o pecado, para que pecadores se arrependam; proclamar o perdão em nome de Jesus; fazer discípulos. Também preparar lideranças autóctones, para assumirem o trabalho local;

8. Ao pregar para um mundo caído e sem Cristo, não nos cabe uma atitude triunfalista. Apesar de sermos instrumento de Deus devemos reconhecer nossa imperfeição e fraqueza humana. Além disso, nem sempre a missão desemboca em vitórias na perspectiva dos homens, mas para os planos divinos tudo está se cumprindo, mesmo diante das adversidades e intempéries na causa missionária;

9. Estando na missão que o Senhor Jesus nos confiou, sob o signo da cruz, temos que ter comunhão com os demais irmãos no Campo, Agência (Junta) e Igreja, em uma atitude de submissão e amor cristão;

10. A missão deve ser sempre kerigmática (proclamação das Boas Novas), porém não excludente da prática das boas obras que Deus de antemão preparou para nós (Ef. 2.10). O Evangelho deve ser apresentado de forma integral e em todas as dimensões da vida humana, em atos de justiça e misericórdia, conforme descrito na Palavra de Deus (Ap 19.7,8);

11. Jamais devemos pregar a mensagem do Evangelho sem considerar a cosmovisão do povo ou menosprezando a importância da contextualização da mensagem. A pregação do Evangelho deve ser sempre feita de forma cristocêntrica, relevante e aplicável, caso contrário nossa pregação será etnocêntrica e antibíblica;

12. A obra salvífica de Cristo tem caráter eterno, portanto, o cristianismo é mais do que levar pecadores para o céu apontando a redenção num plano futuro, mas é a integralidade entre a presente era e o porvir. Então, trazer o Reino de Deus em toda sua amplitude para o agora, através do ministério que Deus nos confiou, visa também à glorificação do Filho hoje e até o final dos tempos.


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